Na exposição “A Natureza dos Encontros”, Carlos Bevilacqua faz um convite ao equilíbrio entre forças opostas.
Com uma abordagem singular, o artista transforma materiais como aço, madeira, vidro e mármore em esculturas que desafiam a gravidade, criando um diálogo entre peso e leveza, tensão e repouso.
Suas obras, ao mesmo tempo delicadas e potentes, evocam narrativas ancestrais e exploram conceitos fundamentais da filosofia e da ciência.
Entre os dias 17 de outubro e 8 de dezembro de 2024, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, recebeu a exposição “A Natureza dos Encontros”.
Com curadoria de André Sheik, a mostra apresentou 24 esculturas inéditas de Bevilacqua, consolidando sua trajetória de mais de 35 anos na arte contemporânea.
Confira a seguir os destaques dessa exposição memorável e seu impacto no cenário artístico atual.
Sobre Carlos Bevilacqua
Carlos Bevilacqua é um artista visual renomado e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Sua carreira de mais de três décadas é marcada por uma pesquisa contínua sobre a relação entre volumes e forças, explorando materiais diversos como aço, madeira, borracha, vidro, mármore e pedra.
Suas esculturas, frequentemente modulares, sugerem um sistema dinâmico de pesos, contrapesos e estados flutuantes que desafiam a percepção tradicional da forma e do equilíbrio.
A exposição “A Natureza dos Encontros”
A mostra, composta por 24 esculturas de escalas variadas, revelou um amplo panorama da produção recente de Bevilacqua.
As obras, criadas nos últimos três anos, foram dispostas de forma a estimular o espectador a refletir sobre a interdependência entre os elementos que compõem cada peça.
As esculturas não apenas ocupavam o espaço expositivo, mas também sugeriam trajetórias e deslocamentos, criando novas relações entre massa e vazio, equilíbrio estático e energia potencial.
A curadoria de André Sheik buscou enfatizar a complexidade estrutural das peças e a maneira como elas estabelecem um diálogo com o espaço e o observador.
“Podemos reparar nos eixos que Bevilacqua traça no ambiente expositivo, que são referências às ligações entre céu e terra, entre mitológico e real”, comenta Sheik.
O conceito por trás das obras
A poética do trabalho de Bevilacqua está ancorada na investigação de conceitos fundamentais como tempo, espaço e movimento.
O artista incorpora elementos da filosofia e da ciência em suas criações, dialogando com símbolos arcaicos e narrativas ancestrais.
O próprio Bevilacqua descreve suas esculturas como sistemas vivos, nos quais cada elemento se relaciona com os outros de maneira “anatômica”, conectado sob pressão ou equilíbrio.
“Cada escultura trata de uma força e, como são obras muito delicadas, a reunião delas produz uma intensidade”, explica o artista.
“É uma espécie de natureza, com suas leis próprias. E como toda natureza é alteridade, se modifica, se transforma e se conserva.”
A relevância da mostra
A exposição “A Natureza dos Encontros” reafirmou a importância de Carlos Bevilacqua no cenário da arte contemporânea brasileira.
Suas obras já foram exibidas em países como Estados Unidos, Alemanha e Irlanda, e integram coleções públicas e privadas de prestígio.
Além disso, o artista mantém um papel fundamental na formação de novos talentos, ministrando o curso “Escultura Contemporânea” na EAV Parque Lage, onde compartilha sua experiência e sua visão única sobre o fazer artístico.
A mostra foi uma oportunidade única para o público entrar em contato com a obra instigante de Bevilacqua e refletir sobre a natureza das interações entre matéria, espaço e tempo.
Se você teve a chance de visitar, certamente saiu com novas perspectivas sobre o equilíbrio e a força que permeiam o universo da escultura.
